Os 13 líderes cristãos, do ministério Mountain Gateway, foram libertados da prisão na quinta-feira (5), após um acordo promovido pelo governo dos Estados Unidos para libertar os 135 presos políticos na Nicarágua.
Os cristãos haviam sido detidos em dezembro de 2023, após promoverem uma grande cruzada evangelística no país ditatorial.
Os pastores e membros da Mountain foram acusados falsamente de lavagem de dinheiro e condenados a 12 a 15 anos de prisão, e multados em quase 1 bilhão de dólares.
Jon Britton Hancock, presidente da Mountain Gateway, com sede nos EUA, comemorou a libertação do grupo.
“Este é o dia pelo qual oramos e acreditamos em Deus. Membros do Congresso, do Departamento de Estado e do Departamento de Segurança Interna trabalharam incansavelmente para efetuar sua libertação de sua prisão injusta”, afirmou Jon, conforme o The New York Times.
Mãe presa logo após o parto
Entre os cristãos presos estava a administradora da Mountain, Marisela Mejía, uma mãe de 34 anos, que foi detida logo após o parto. Ela e seu marido, o pastor Walner O. Blandón, foram sentenciados a 15 anos de prisão e multados em 80 milhões de dólares cada, de acordo com o The Times.
Agora, o casal, junto com outros prisioneiros libertos, irão para a Guatemala para serem processados como refugiados. Os dois filhos dos líderes, nascidos nos Estados Unidos, estavam hospedados com parentes na Nicarágua e provavelmente se juntarão aos pais na Guatemala.
No país, os libertados poderão solicitar medidas legais para reconstruir suas vidas nos Estados Unidos ou em outros países, através da iniciativa Safe Mobility Office do governo americano.
Entre os 135 presos libertos também estavam católicos e estudantes, que o presidente nicaraguense Daniel Ortega considerou uma ameaça ao seu governo autoritário.
“Os Estados Unidos novamente pedem ao governo da Nicarágua que cesse imediatamente a prisão e detenção arbitrárias de seus cidadãos por meramente exercerem suas liberdades fundamentais”, afirmou o conselheiro de Segurança Nacional dos EUA, Jake Sullivan, em comunicado.
Ministério perseguido
Em 2023, com o apoio do governo da Nicarágua, a Mountain Gateway realizou oito grandes campanhas evangelísticas conhecidas como “Cruzadas de Boas Novas Nicarágua 2023”, atraindo milhares de pessoas.
A última ocorreu em 11 de novembro de 2023, em Manágua, com a participação de mais de 170 mil pessoas, enquanto outras dez estavam planejadas para 2024.
Kristina Hjelkrem, assessora jurídica da ADF Internacional encarregada do caso, informou à ACI Prensa que foi em 11 de novembro que começou “a perseguição”, seguida pelo cancelamento do estatuto jurídico e pelo confisco de quase 5 milhões de dólares em propriedades e bens da organização.
A perseguição teve fim entre 18 e 20 de dezembro, quando os 11 líderes acusados de lavagem de dinheiro foram detidos e presos.
A especialista em direito internacional expressou surpresa pelo fato de as campanhas do grupo cristão terem sido realizadas em coordenação com o regime, o que “lhes deu a oportunidade de pregar ao ar livre em eventos massivos, algo que já não era permitido à Igreja Católica”.
Depois de mencionar que o governo da Nicarágua fechou entre 200 e 300 igrejas protestantes, Hjelkrem informou que esses eventos se tornaram um ponto de encontro para aqueles que desejavam orar em espaços públicos, pois “as pessoas não tinham para onde ir”.
Mobilizações
Ela acrescentou que esses eventos mobilizaram “tantas pessoas que o governo foi colocado em alerta e decidiu encerrar o Mountain Gateway porque o viu como um movimento social, embora saibamos que ele é profundamente religioso e exclusivamente religioso”.
Esses eventos, acrescentou ela, mobilizaram “tantas pessoas que o governo foi colocado em alerta e decidiu acabar com o Mountain Gateway porque o viu como um movimento social, embora saibamos que ele é profundamente religioso e apenas religioso”.
Jon Britton Hancock, presidente da Mountain Gateway, disse à ACI Prensa que os eventos foram “puramente religiosos. Não temos motivação política nem estamos envolvidos em política, nem na Nicarágua nem em nenhum dos países onde trabalhamos.”
“O que acreditamos sobre o nosso trabalho é que não somos embaixadores de nenhum país, mas sim embaixadores do Reino dos Céus e é por isso que nos preocupamos com o bem de todas as pessoas”, disse.
A advogada da ADF Internacional também declarou que o governo da Nicarágua “não gosta que alguém tenha essa capacidade de movimentar as pessoas, não gosta de nenhum tipo de liderança”.
Sobre a acusação de lavagem de dinheiro, Hjelkrem disse que o regime de Ortega “tinha pessoas que vinham auditar as contas todos os meses. Não houve um único dólar que veio dos seus doadores nos EUA, e que entrou na Nicarágua, que não fosse explicado em documentos oficiais”.