Ex-travesti, pastor é denunciado ao MP após suicídio de jovem


Com um forte testemunho de transformação de vida, o pastor Flávio Amaral, ex-gay e ex-usuário de drogas vem provocando a fúria da militância LGBT+ por liderar um ministério voltado para este segmento, o que tem lhe rendido acusações de “transfobia” e até de “tortura”.

A deputada “trans” Erika Hilton e a vereadora também “trans” Amanda Paschoal, do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), ingressaram com uma denúncia no Ministério Público contra o pastor Amaral, após Letícia Maryon, de 22 anos, ter cometido suicídio no final de setembro passado.

Meryon estava sendo acompanhado pelo grupo Libertos por Deus (LPD), da igreja conduzida por Amaral. Os militantes LGBT+, agora, acusam o líder religioso de cometer “transfomia” ao, supostamente, impor a chamada “cura gay” sobre o membro da sua igreja.

“A ‘cura gay’ e a ‘destransição’ são práticas proibidas internacionalmente, inclusive no Brasil, mas são adotadas dentro de algumas igrejas e comunidades terapêuticas, que se aproveitam da vulnerabilidade alheia para impor dogmas que desumanizam as LGBT+, e não raramente podem levar ao su*cídio das vítimas”, diz Pachoal, segundo O Globo.

Outro lado

Em um comunicado, porém, a defesa do pastor Flávio Amaral disse que em nenhum momento o líder religioso submeteu Meryon a qualquer processo forçado de conversão ou destransição de gênero, sendo o ministério liderado por ele um campo de auxílio para quem busca ajuda voluntária.

“Inclusive, (Amaral) restou enlutado pelo ocorrido, especialmente pela relação de amizade, carinho e fraternidade que tinham”, diz a defesa do pastor, negando “qualquer espécie de imposição ou prática de condutas ‘vexatórias’”, da sua parte.

A denúncia contra o religioso, contudo, acusa o pastor de impor a prática do “jejum” como punição sobre Meryon, que teria manifestado desejo sexual por um dos fiéis da igreja.

“[Meryon] confessa para mim que estava apaixonado por um dos meninos. Tentou agarrar um dos meninos e eu briguei com ele, chamei atenção dele. Fiz ele jejuar. Ele não queria jejuar, eu falei: ‘Vai jejuar amanhã’ e ele jejuou”, disse o pastor em um vídeo divulgado no YouTube.

Perseguição?

A judicialização das práticas religiosas tem se tornado uma constante no Brasil, o que vem despertando a preocupação de líderes cristãos, uma vez que isso coloca em xeque o exercício da liberdade religiosa, como é o caso do jejum, uma prática comum no meio cristão.

Não só no campo da moralidade sexual, mas também no quesito das diferenças religiosas, pastores como o líder da Igreja Vintage, do Rio Grande do Sul, e o pernambucano Aijalon Florêncio, ambos alvos de processos por declarações contra religiões de matriz africanas, estão tendo que lidar com essa tipo de pressão que, na prática, pode se configurar perseguição religiosa. Confira:

‘Gazeta do Povo’ critica o Judiciário por agir ‘como árbitro da fé’ ao condenar pastor

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