Na última quinta-feira (17), a Universidade Federal do Maranhão (UFMA) foi alvo de críticas após a historiadora e cantora travesti, identificada como Tertuliana Lustosa, protagonizar uma performance erótica durante uma palestra sobre gênero.
Em vídeo compartilhado nas redes sociais, Tertuliana aparece subindo em uma cadeira, onde levanta o vestido e expõe suas partes íntimas.
A palestra foi realizada no I Encontro de Gênero do Grupo de Pesquisa Epistemologia da Antropologia, Etnologia e Política (Gaep) da UFMA. O evento se estende até esta sexta-feira (18/10) e tem como tema “Gênero para além das fronteiras: tendências contemporâneas na América Latina e no Sul global”.
De acordo com os organizadores, o evento tem o intuito de “reunir representantes de diversas vertentes acadêmicas e que pensam, discutem e tensionam o gênero e as suas interseccionalidades a partir do Sul global”.
Além disso, os responsáveis alegaram que o objetivo é “fortalecer as trocas acadêmicas e a diversidade de experiências de vida que refletem as leituras e a atuação de pesquisadores do grupo”.
Tertuliana é uma ativista trans graduada em História da Arte pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e vocalista de uma banda chamada “A Travestis”.
Críticas
Após as imagens do conteúdo pornografico explicito em um ambiente acadêmico, diversas figuras públicas criticaram o ocorrido.
No Instagram, Deltan Dallagnol, ex-deputado federal do Paraná, declarou: “Surreal: Universidade Federal do Maranhão promove a pornografia com palestrante dançando funk, mostrando as nádegas e comemorando: ‘Educando com o c*’”.
E continuou: “É para isso que trabalhamos cinco meses para pagar impostos no Brasil? Para financiar um ‘mestrado da put@r1a’ na Universidade Federal do Maranhão, onde a palestrante diz que está ‘educando com o c*’?”.
“Não é à toa que o Maranhão, estado que foi governado por 8 anos pelo agora ministro do Supremo Flávio Dino, tem uma das menores rendas per capita do Brasil, com 57,9% da população vivendo na pobreza, e há anos apresenta um dos piores desempenhos nos rankings de educação. No Brasil do governo Lula, a esquerda não quer apenas promover a cultura woke nas escolas e universidades, mas também a pornografia e a erotização”, acrescentou.
Nos comentários, muitos compartilharam suas indignações com o ocorrido. “Chocante”, comentou a cantora e pastora Ana Paula Valadão.
Filipe Duque Estrada, conhecido como pastor Lipão, da igreja Onda Dura, também se manifestou dizendo:
“Mais que bons governantes, antes o Brasil precisa de uma transformação cultural. Enquanto o povo aplaudir isso, obviamente que as urnas elegerão corruptos e imorais”.
“Enquanto ela é aplaudida, lá em Pernambuco o ministério público recebe denúncias porque alguns alunos estavam fazendo cultos cristãos nos intervalos. Vai entender né? O certo é o errado, e o errado é o certo nesse desgoverno”, comentou um internauta.
Nota da Universidade
Após a polêmica, a Universidade afirmou que “tomará as providências cabíveis” e que respeita o ambiente acadêmico inclusivo.
Em nota, alegou: “Nesta quarta-feira, 17, a historiadora Tertuliana Lustosa, na condição de palestrante convidada pelo Grupo de Pesquisa Epistemologia da Antropologia, Etnologia e Política – GAEP, apresentou a sua pesquisa durante a Mesa Redonda “Dissidências de gênero e sexualidades”, onde reproduziu e performou uma de suas canções, considerada inapropriada para o momento e a construção do debate acadêmico-científico em que se encontrava”.
E continuou: “Como sabido, a Universidade é um espaço plural e de diálogos, dedicado ao conhecimento, à diversidade de ideias e ao respeito mútuo. Por isso, entendemos que a liberdade de expressão é um pilar fundamental da academia, mas também ressaltamos a importância de se manter um ambiente harmônico e respeitoso para todos os membros da nossa comunidade. Por ser um lugar de múltiplas formas de conhecimento, os cursos, de graduação e de pós-graduação, possuem autonomia para discutir os variados temas que permeiam a nossa sociedade e que se apresentam a partir de diversas teorias científicas”.
“Ressalta-se, contudo, que a UFMA não compactua com quaisquer tipos de ações que possam desrespeitar os valores e princípios basilares da instituição. Neste sentido, a UFMA informa que está averiguando o ocorrido e tomará as providências cabíveis, após o comprometimento de ouvir todas as vozes, reafirmando seu compromisso com um ambiente acadêmico inclusivo, respeitoso e transparente. Reafirma-se, por fim, que todos os esforços da Universidade buscam a melhoria de uma sociedade mais justa, inclusiva e comprometida com a pluralidade de vozes e saberes em defesa do ensino público, gratuito e de qualidade”, concluiu.